Transbordo
quero morrer poesia
ter o direito de
me reinventar
todos os dias
deixar de ser eu
sendo todas
as faces
que
me aprisionam
quero poder
ser insana
falar coisas
sem nexo
ser meu próprio
sexo, desconexo
prazer de
coisa alguma
quero criar
meu próprio deus
adentrar minhas
sagradas capelas
redigir escritos
pedir exílio
ser ateu, prometeu
desvairada profeta
quero modelar
meu corpo
no negro barro
que esconde
minha face
e me invade
e transcende
tudo que em mim
já não cabe mais.
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