Inexistir?

Luh Oliveira
21/08/2009
É incrível o quanto a morte de um ente querido nos faz refletir sobre a vida ou o fim (?) dela. Encarar um corpo gélido, pálido, envolvido em flores e perceber que nunca mais iremos ver os olhos brilhando, o sorriso, as expressões faciais, ouvir a voz...Por alguns instantes dá-nos até a impressão de estarmos vendo o sono velado, sorriso nas entrelinhas da face. Por mais que crenças religiosas possam tentar confortar a dor da perda, é impossível não senti-la. É impensável não sentir a dor de quem chora o desespero, a saudade que não cabe em si. Pode haver vida após a morte, pode haver eternidade, pode ser que viveremos num paraíso celestial, mas o paraíso que conhecemos é este: o da carne, o do toque, o da pele, da voz. A ausência da alma dói. Ver num caixão um corpo querido, antes aconchegado, abraçado, sadio, é prever-se também. É entender que nada somos ou que somos todos tão iguais e não levamos absolutamente nada conosco, apenas deixamos lembranças e rastros por onde passamos. Velório é momento de dor e reflexão. É ponderar a vida. É perceber que não estamos tendo tempo de ter tempo para a vida. É se dar conta que constantemente perdemos a oportunidade de dizer o que sentimos e que pode não haver outro momento.É saber que alguém se foi sem ouvir o que você queria dizer.
É o caminho de nós todos, eis o mistério da fé.
Que saibamos alimentar bem a nossa alma com frutos de amor, justiça e sabedoria. Que saibamos ser humanos. Que saibamos valorizar a vida a cada segundo, que não deixemos de cantar e glorificar os sentimentos bons a quem queremos bem.
Pode ser que amanhã não estejamos mais aqui.
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